sexta-feira, 24 de maio de 2013

A importância das Cartas Celestes

Muitos começam a olhar para o céu mas não sabem a posição dos objetos interessantes por falta de consultar boas cartas celestes, segue um guia que pode ajudar.

A orientação por cartas já foi muitíssimo utilizada especialmente por conta dos sistemas de busca computadorizada serem relativamente novos. Esse método força mais o observador a aprender pois para achar um objeto não visível a olho nú ou mesmo na buscadora ele deverá usar o sistema de busca 'pulando' de uma estrela para outra. Esse método tem uma grande vantagem que é um aprendizado muito mais profundo da localização dos alvos a serem vistos bem mais eficiente do que escolher o astro num computador e apertar Go To quando apenas se observa o astro mas o trabalho foi feito por um computador.

Claro que esse método também possui algumas desvantagens como tudo na vida. Uma delas é a dificuldade de encontrar material pois os atlas são raros e caros. Um ótimo mapa é o Sky Atlas 2000 publicado pela Cambridge University Press e que chega a custar U$ 400,00 dólares usado. Mas existem exemplares mais em conta como o Pocket Atlas que foi escrito pelo mesmo autor do Sky Atlas 2000 e custa apenas U$ 17,00 dólares ambos na Amazon.com com frete não incluso.

Outra desvantagem é o tempo gasto. Para aprender mais e melhor é necessário tempo e paciência pois é  mais difícil encontrar um objeto tênue do que apenas mandar o comando para localizar, porém, dessa maneira se aprende muito mais especialmente se a escolha for o estudo das constelações e os objetos de céu profundo presentes e cada uma delas.

Uma carta relativamente famosa nesse meio é a do Sr. Linneu Hoffmann que há anos era vendida no Planetário de Brasília o qual esperamos ser reinaugurado em breve.

No link abaixo pode-se ver uma trajetória da contribuição de Linneu Hoffmann:

Linneu Hoffmann

Imagem de sua Carta Celeste:


Na falta de um planetário existem sites especializados em gerar inclusive em tempo real cartas celestes como por exemplo o SKYMAPS.COM e que trazem mensalmente os astros e eventos mais interessantes a serem observados por astrônomos amadores.

Outro caso muito interessante disponível fica nesse link Mag 7 Star Atlas PDF onde se pode baixar um atlas completo até magnitude 7 em versão livre para impressão no formato PDF onde mesmo com impressões grandes se mantém a qualidade das cartas.

Também pode ser baixado nesse link Mag 7 Star Atlas Separadamente com as cartas separadas com opção de colorido ou preto e branco. Trata-se de um projeto aberto portando ao baixar ninguém estará cometendo nenhuma infração contra os direitos autorais.

Mais um caso, creio esse ser o mais especial no que diz respeito a mapas livremente distribuídos, é o Deep Sky Hunter Atlas. É um projeto que ensina como fazer o seu próprio atlas claro fornecendo o conjunto de cartas, um catálogo detalhando astros e 20 páginas de imagens de objetos de céu profundo. Conta também com uma comparação entre 2 dos melhores atlas conhecidos que são o Sky Atlas 2000 e Uranometria 2000. Nessa comparação sinceramente não vi perderem em nada no que diz respeito a quantidade e qualidade das informações, na verdade o Deep Sky Hunter se mostrou muito mais completo com magnitude  estelar até 10.2 e DSO (Objetos de Céu Profundo) até 14. No site desse mesmo projeto também contém um outro atlas é o Deep Sky Atlas com menor magnitude de estrelas até 9.5 e DSO até 12.5 colorido e mais acessível para iniciantes.

Seguem algumas imagens comparativas do Deep Sky Hunter com o Sky Atlas 2000 e com o Uranometria 2000 respectivamente:







Agora não há mais desculpas para aqueles que gostariam de estudar o céu mas faltavam atlas de boa qualidade. Fica a critério escolher qual o melhor e claro enfatizando que existem outros projetos que não foram citados.

Até a próxima

Renato Veras

sexta-feira, 17 de maio de 2013

21º ENOC Encontro Observacional do CASB

Olá caros amigos, eis o relato do meu primeiro ENOC, o 21º do CASB (Clube de astronomia de Brasília).

Primeiramente falarei da pequena viagem que no meu caso foi até mais curta se comparada ao restante dos colegas do grupo pois moro próximo a saída do Distrito Federal e foi rápido sair pela BR 040 e me dirigir a fazenda que fica alguns quilômetros depois de Luziânia, pra ir foram necessárias quase duas horas mais por conta de que eu não dirijo rápido mesmo, e uns 12 quilômetros de estrada de chão sem surpresas desagradáveis pois o local foi sinalizado pelos organizadores então tudo tranquilo pra chegar.

Cheguei por volta das 18:30 e já estava doido pra subir o morro em que os colegas estavam reunidos com seus equipamentos e o melhor de tudo, seus vastos conhecimentos e enorme boa vontade de ensinar. É uma das coisas que fico mais feliz no CASB é a receptividade daqueles que gostam de aprender, não há tempo ruim para um bom questionamento ser respondido.
Lá encontrei Marcelo que só via pela internet através do programa semanal Astronomia ao Vivo disponível através do Youtube. Aquele que considero um mentor o Paulo que gosta de procurar os astros de forma manual através de mapas e atlas, método que considero o ideal para se aprender não somente a localização dos astros em si mas também as constelações e suas peculiaridades. Ricardo que nos recebeu, a mim e minha esposa, com toda cordialidade e nos disponibilizou acomodação digna de hotel 5 estrelas fora muitos outros colegas que prefiro não citar o nome por não saber se eles gostariam de ter o nome citado nesse blog.

A observação

A maioria de nós estávamos concentrados em observação visual fora algumas máquinas captando time lapse (técnica utilizada para captar imagens e simular o movimento do celeste).
Logo montei meu pequeno 90mm e quando terminei o céu já estava escuro e deslumbrante, as luzes da cidade atrapalham muito e em área rural pode-se ver o céu como ele realmente é. A via láctea com suas nuvens acinzentadas a cada hora que passava mais visível, creio que por conta da temperatura nas camadas inferiores se aproximar das camadas superiores retirando a turbulência que essa diferença causa. A Grande Nuvem de Magalhães visível a olho nú e com o telescópio era possível ver a Nebulosa da Tarântula.
O "Olhão", um telescópio de 16", estava presente e foi montado depois de alguns probleminhas com reconhecimento do drive de Som pois ele tem instalado o sistema Soundstepper. Aí começaram as buscas aos cometas que era extremamente tênues mas visíveis. Lembro que a última coisa que vi foi Plutão como apenas uma estrela.

A noite seguinte foi ainda mais memorável apesar do frio ter apertado bem mais.
Foi possível ver M7 e M6 próximas a cauda do escorpião. Pela primeira vez vi o Aglomerado próximo a Antares que é uma estrela que sempre gosto de ver.

Mas o que mais me marcou neste ENOC foram as nebulosas facilmente visíveis em área rural, e através do telescópio Laranjão 8" feito pelo Marcelo e pelo Olhão visualizamos a nebulosa da Carina com grande contraste que se tornou ainda maior com o filtro Celestron Oxygen III 2" que o Marcelo colocou no Olhão.
O Rodrigo Andolfato nos emprestou os seus filtros fotográficos para testarmos onde o H-Alpha e o Enxofre S-II de banda estreita não se mostraram adequados para observação visual mas o Oxygen-III mesmo fotográfico ficou muito bom para aumentar o contraste das nebulosas.

Também aprendi algumas constelações a mais com as orientações do Paulo como Hércules, Ursa Maior e Virgem essa última só aparece pela madrugada.

Para finalizar o relato cito uma dupla em especial Alexandre e Carol que agraciou nossos ouvidos com belíssimas músicas durante a segunda noite, que para mim foi realmente memorável, apreciar os astros cercado de amigos com interesse em comum e ouvindo maravilhosas músicas foi marcante.

Uma 'descoberta' que fiz que na verdade foi apenas um detalhe que estava passando despercebido foram as escuridões no centro de Ômega Centauri que podem ser verificadas na imagem abaixo retirada do seguinte link http://www.doghouseastronomy.com/starparties/OmegaCentauri.jpg:


Parece ser apenas uma queda de densidade estelar mas é um caso interessante a ser estudado claro.

Espero poder ir no próximo.

Seguem algumas fotos:







Até a próxima.

terça-feira, 14 de maio de 2013

21º Astronomia na Praça CASB

Sei que o post está um pouco atrasado pois o encontro ocorreu no dia 27/04 porém antes tarde do que nunca certo? (risos)

Esse foi o meu primeiro Astronomia na Praça, encontro na Praça dos Três Poderes onde o CASB (Clube de Astronomia de Brasília) se reúne periodicamente, de acordo com a agenda no site do clube http://www.casb.org.br.

O encontro foi remarcado pois uma semana antes ficou difícil fazer por conta do aniversário de brasília.
Tivemos a presença de muitos membros que já as 19 horas estavam com seus equipamentos montados e apreciando astros como Júpiter, o Aglomerado Globular Omega Centauri, Aglomerado Aberto Caixa de Jóias e mais tarde o planeta Saturno e a Lua que apareceu por volta das 20:00 horas.

Foram montados telescópios de vários tipos como Newtoniado de 150mm Equatorial, 200 mm Dobsoniano, Schmidt Cassegrain de 200mm montagem de garfo e até o 150mm artezanal.

Eu fiquei até acanhado em montar o meu pequeno Maksutov Cassegrain de apenas 90mm porém montei e achei que fez até sucesso rsrs.

Acontece que eu o colimei (alinhamento dos espelhos) aparentemente muito bem a nitidez estava visível para os objetos que apontava. Na maior parte do tempo deixei apontado para Caixa de Jóias onde todos que viam se impressionavam com a bela imagem.

Tive a oportunidade de testar a ocular Skywatcher Panorama 7mm no Schmidt Cassegrain de 200mm e tanto eu como o Ricardo do Casb ficamos muito satisfeitos com o resultado pois saturno a 285 vezes de ampliação permanecia entre 20 e 25 segundos no campo de visão sendo muito confortável observá-lo mesmo sem motorização e com excelente claridade.

Mais tarde usando a mesma ocular no meu 90mm obtive bom resultado vendo poucas luas mas o planeta bem definido.

Fiquei muito feliz de sanar as dúvidas da maioria das pessoas que chegavam para mim como se eu fosse um antigo membro do CASB mas eu sempre explicava que era membro recente e que tinha conhecimentos bem superficiais.

Por volta das 21:30 estávamos indo embora e algumas pessoas ainda estavam chegando.

Segue uma foto já no final do evento:



Dia 15 de junho tem mais um agendado esperamos todos lá.

Abraços

Renato

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Luzes estranhas no céu? Saiba o que é Iridium Flare

Lá está você está olhando para o céu e derrepente percebe uma estrela que está se movendo! Um óvni? Um satélite? Um meteoro que pode ser chocar com a terra? Calma, normalmente é apenas algum satélite. E hoje estou aqui para escrever sobre um tipo muito especial para observar, trata-se dos satélites da Iridium.
A Iridium foi uma empresa criada para o projeto da Motorola que consistiu em lançar dezenas de satélites com o intuito de aprimorar a tecnologia de comunicação móvel. Acontece que assim que o projeto foi concluído a tecnologia já estava defasada e a Motorola viu seus milhões de dólares pairarem no espaço. O que nos sobrou foram 81 satélites que podem ser vistos a olho nú com horário previsto e com uma boa fotografia de longa exposição criar belas imagens como as que vemos abaixo:




O motivo do brilho se intensificar em determinado momento é que esses satélites possuem cada um três antenas que medem 188cm x 86cm x 4 cm e são polidas e altamente reflexivas. Ficam a um ângulo de 40º em relação ao satélite e refletem a luz do sol que pode ser vista quando a posição em terra se aproxima da direção do reflexo.

Segue fotos de satélites da Iridium:




No dia 1º de maio de 2013 estava previsto uma passagem do para as 18:28 horas, já agendei o relógio para despertar e me lembrar e as 18:00 horas já estava eu com meu binóculo procurando uma estrela que 'andava' pelo céu. Um dos sites em que podem ser vistas essas previsões é o Heavens Above, a precisão é impressionante quanto ao horário e muito aproximada quanto ao local no céu, você pode inserir suas coordenadas através do mapa escolhendo seu local de observação e ele mostrará o horário, distância do centro do brilho e a trajetória conforme imagens abaixo:




Estava a 13 km do centro do brilho, imaginei ser pouco distante para ver bem nítido e estava certo. Como podem ver no mapa o satélite Iridium 67 passou próximo de algumas das estrelas mais brilhantes do céu e para minha alegria pude presenciar quando ele brilhou mais que a estrela mais brilhante do céu, Sirius. A magnitude do brilho pode chegar até -9 que é cerca de 30 vezes o brilho de Venus.

Seguem dois vídeos de Iridium Flares:





Dia 6 de maio acontecerá um o qual estarei a apenas 1 Km do centro mas será na madrugada as 4:34 horas próximo a constelação do cisne, se eu tiver bem disposto no dia observarei fica aí a dica.

Abraço e até a próxima.