domingo, 8 de novembro de 2015

Experiência Prática Filtros UHC


É com grande prazer que escrevo esta experiência, pois realmente fico feliz quando encontro equipamentos de astronomia de ótima qualidade e com preço acessível, tanto que pesquiso bastante para encontrar essas belezinhas, até porque vivemos em um país com dificílimo acesso a equipamentos de qualidade. Creio que encontrar tais itens e divulgá-los é uma ótima forma de incentivar a todos os envolvidos sejam iniciantes ou veteranos.

Anteriormente fiz um post sobre conhecimentos teóricos de filtros nebulares e redutores de poluição luminosa. Desta vez escrevo para relatar na prática o ganho que se tem ao utilizar um bom filtro.

Trago a comparação entre os filtros Baader UHC-S L Booster e o filtro Optolong UHC.

Seguem imagens de ambos:






Para que servem? Filtros UHC, sigla para Ultra High Contrast, basicamente reduzem a poluição luminosa permitindo a passagem de luz dos astros observados. Esse tipo pode ser usado em telescópios com aberturas pequenas, indicado de 70mm ou mais.

Depois de pesquisar muito e chegar a conclusão que para ter apenas um filtro e não gastar fortunas com vários o ideal é um bom UHC, então comecei a luta para comprar um. No Brasil são pouquíssimas as opções para aquisição desses filtros, um é o Expanse UHC que não tive a oportunidade de usar ainda. Outra é pedir a um amigo que traga um Baader dos Estados Unidos quando for viajar, pois por aqui não vende e importar aumenta absurdamente o valor. Outra opção que achei recentemente, trata-se do Optolong UHC comprado no site Aliexpress.com, esse sim me surpreendeu.

O Baader UHC-S custa U$ 89,00 + U$7,00, aproximadamente R$ 390,00 reais, com o dólar alto como está, para entregar rapidamente em um hotel nos EUA. Frete para o Brasil U$ 15,00 que somados aos 60% de impostos de importação mais taxa de retirada nos correios dá quase R$ 680,00 reais. Loja Agena Astro link: http://agenaastro.com/

O Optolong UHC custou apenas U$ 45,00 dólares já com frete incluso para qualquer lugar do mundo. Os chineses são realmente grandes concorrentes.

Atualmente está sendo vendido por U$ 52,94, porém haverá uma super promoção dia 11/11 e poderá ser adquirido por U$ 39,71. Uma boa oportunidade, segue o link do que comprei:

Optolong UHC Aliexpress

Atualização: Infelizmente o link acima de onde comprei parou de enviar para o Brasil, segue novo link com o filtro mais caro porém envia para o Brasil:

Optolong UHC Aliexpress Envio Brasil

Testes e Visões do Filtro

Inicialmente testei ambos na Nebulosa da Lagoa apenas no meu "Pequeno Notável" telescópio Maksutov 90mm que é um telescópio escuro, não muito legal para nebulosas, porém a visão já se mostrava favorável para o Optolong com o qual eu conseguia ver melhor as nuances da nebulosa.

Não satisfeito, aguardei uma boa noite para testar no "Enterprise", telescópio de 200mm. Por sorte uma amiga avisou que a noite de quarta feira dia 4 de novembro a previsão era de céu muito bom, e foi nessa noite que o Baader se mostrou inferior visualmente falando. Observei as nebulosas Dumbell, Helix e de Órion. A visão foi nitidamente melhor no Optolong, o céu fica mais negro enquanto que as nebulosas ficam muito melhor visualizadas. Impressionante como que um filtro que custou menos da metade do preço seja visualmente melhor que seu concorrente.

Meu querido pai participou da sessão observacional e também confirmou a superioridade do Optolong.

É possível que ele seja melhor para fotografias, pois apesar de ambos terem as linhas de emissão H Beta, OIII e H Alpha e S-II o Optolong tem 100% da última enquanto o Baader tem um pouco menos.

Seguem os gráficos para comparação, primeiro o Optolong e depois o Baader:

Para elucidar os gráficos, as linhas verdes do são respectivamente H-Beta, O-III 496, O-III 501 H-Alpha e S-II:




O que pude perceber comparando os gráficos é que o Baader filtra menos no centro, justamente onde está a poluição luminosa, já o Optolong é mais restrito principalmente do lado esquerdo, que corresponde as linha H-Beta, O-III 496 e O-III 501 nanômetros, essas essenciais para observação visual.

Já tive outros filtros como um Astronomik CLS e um Lumicon O-III versão bem antiga e ambos também ficam para trás se comparados ao Optolong para observação visual.

Tendo em vista que outros filtros que se dizem melhores, e possivemente são, como os Lumicon UHC e Astronomik UHC, mas seus valores são assustadoramente elevados, o Optolong UHC passou a ser meu filtro favorito pelo custo e pelos resultados.

Para finalizar a noite de observação, após ter recolhido todo o equipamento fui presenteado com o que creio ser um bólido cortando o céu, muito diferente dos que já vi este cortava o céu de forma tremulante, realmente diferente para mim.

Fico por aqui, abraço aos leitores.

Renato Veras

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Catálogo Coruja Básica Constelações


Oi amigos, hoje vou apresentar um aglomerado de informações que creio serão muito úteis para aqueles que assim como eu gostam de saber maiores detalhes sobre as constelações.

Segue a apresentação daquele que batizei como Catálogo Coruja Básica Constelações:

Apresentação

O objetivo deste catálogo foi reunir informações sobre cada constelação agrupando-as para que possa ajudar os astrônomos a se achar no céu além de revelar a localização de astros para observação a olho nú, binóculos e telescópios. Para os mais curiosos, a história de cada constelação também está presente.
Os dados foram obtidos do site explicatorium.com e utilizados com a devida permissão do Sr Vitor Boto, responsável pelo site, o qual deixou claro que muito da pesquisa foi retirado do estudo publicado pelo Observatório Astronômico de Lisboa. Já os mapas do anexo são os oficiais da International Astronomical Union – IAU os quais particularmente não gosto das linhas de constelação por não se parecerem com a figura proposta. Prefiro as utilizadas pelo Lineu Hoffman que criou a mais bela carta celeste que tive o prazer de ver, a Nova Carta Celeste, vendida há mais de 20 anos no Planetário de Brasília e hoje uma relíquia. Essas belas linhas também estão presentes no programa para computador Stellarium, disponível gratuitamente via internet.

Espero que seja útil para todos que apreciam o firmamento.

Ainda falando sobre as linhas, cada constelação possui duas imagens, uma da IAU já citada e outra do Stellarium com um belo grafismo do tema da constelação e as linhas inspiradas na Nova Carta Celeste.

Seguem abaixo imagens do catálogo impresso:







Segue link para aquele que desejarem realizar o download e talvez impressão do catálogo:

Catálogo Coruja Básica Constelações 1.0

Anexo de Mapas:

Anexo Constelações IAU

Abraços

Renato

domingo, 23 de agosto de 2015

Catalina C/2013 US10 Observado dia 23/08/2015



Acabei de realizar uma observação do cometa Catalina C/2013 US10.


Pela primeira vez consegui reparar no movimento do cometa, com uma observação de uns 30 minutos consegui perceber seu deslocamento.


Uma cauda de tamanho significativo, a beleza estava no conjunto da imagem formada pelo cometa e duas pequenas e lindas estrelinhas de brilho semelhante.


No início da observação o cometa estava abaixo e entre as estrelas, ao final da observação o cometa já estava em uma reta com ambas.


Tive que utilizar o filtro baader uhc que escureceu a PL e ajudou muito ver o cometa.


Telescópio utilizado Newtoniano 8" vulgo "Enterprise", oculares de 25, 15 e 8. Melhor visão na de 25.


Local: ao sul de brasília.


A lua atrapalhou bastante.


Segue mapa:




Informação interessante é que haverá uma conjunção com Arcturus dia 1º de Janeiro de 2016 quando o cometa estará com magnitude 4.8, bem mais brilhante que hoje.





Abraços


Renato

Experiência Diagonal Amici


Ontem tive pela primeira vez a experiência com a diagonal de prisma Amici no telescópio, esta que corrige a orientação da imagem do céu nos Cassegrain e Refratores.

Nesses dois modelos a imagem não fica de cabeça para baixo como costumeiramente em newtonianos, a imagem fica invertida lateralmente o que dificulta muito a busca de objetos difíceis de achar como variáveis.

O que tenho a dizer é que foi sublime o uso do equipamento com essa correção, pois houve grande conforto tanto na busca quanto na observação e leitura da carta de busca. Nada de ficar invertendo a carta ou ter duas, uma para o binóculo e outra para o telescópio.

Eu já tinha uma boa expectativa sobre a qualidade do prisma por conta do modelo AMICI ser ótimo e a marca GSO ser muito caprichosa.

Em dólares custou 31+7 de frete para o hotel de um amigo do casb estava hospedado nos EUA.

Em reais ficou R$ 155,00.

Mais uma vez obrigado ao amigo que fez a gentileza de me trazer a diagonal.

A diagonal dielétrica que tenho custou 250,00 e hoje não se compra por menos de 350,00 reais no Brasil isso quando se encontra.

Tecnicamente falando a dielétrica é a melhor escolha para quantidade de brilho dado que garante 99% de reflexão enquanto as comuns que vem com o telescópio ficam em torno de 89%.

Para mim ficou empatada, mesmo com luar vi de relance a estrela de magnitude 11.3 que via com a dielétrica em noites normais.

O teste com estrelas muito brilhantes também foi muito bom. Para quem ainda não usou diagonal com correção de imagem, aquelas 45º para visualização terrestre que vem em alguns telescópios ao serem apontadas para estrelas brilhantes geram difrações deteriorando a vista astronômica.

Para o teste apontei para Alfa Centauro e não vi falhas na imagem, na verdade, com bastante atenção já conseguia perceber a duplicidade da estrela.

O prisma também é mais leve que a dielétrica, isso em telescópios pequenos como o meu faz diferença.

Link da compra:

http://agenaastro.com/gso-1-25-90-erect-image-prism-diagonal.html


Imagem:


Diagonal Amici 90º GSO AgenaAstro




Uma ótima aquisição, creio que finalmente meu Pequeno Notável Mak90 alcançou seu status de caçador de variáveis com louvor (risos).

Abraços amigos.

Renato

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Oculares com efeito Blackout e pouco campo de visão


Olá amigos, hoje vou falar sobre uma experiência que tive e para que todos os que lerem o post estejam preparados e com os conhecimentos mínimos necessários para a aquisição de uma ocular do tipo plossl "grande".

Por que as aspas? Logo explico.

Eu tive a ideia de comprar uma ocular de 40mm para o meu Maksutov 90, pois utilizo ele para encontrar variáveis que estão pouco acima do limite do binóculo. Atualmente uso uma 25mm da Skywatcher. Ocorre que essa 25mm tem um campo de visão de 52º, o que é muito bom, e a 40mm tem apenas 42º de campo. Ou seja, quando fui usar na prática, sem me atentar antes de comprar ao campo de visão, me decepcionei com o pequeno campo que vi. Para mim, quanto maior fosse a ocular, maior seria o campo de visão, mas isso foi um grande engano. E ainda para piorar a ocular tinha um efeito chamado de blackout que consiste em escurecer quase totalmente a imagem caso o observador não esteja a uma distância considerável do protetor de borracha. Não de pode encostar o olho na ocular sendo protegido das luzes intrusas o que gera um grande desconforto, pois se desviar o olhar um milímetro que seja para o lado a imagem escurece novamente. Tal efeito foi menor no newtoniano 200mm, mas ainda estava presente. Os espelhos de ambos os telescópios estavam devidamente alinhados.

Aí tive uma outra ideia tola, troquei por uma de 30mm da mesma marca achando que poderia ser melhor que a anterior. O efeito blackout quase desapareceu, era pequeno o bastante para não incomodar, mas o campo de visão desta era de 46º, isso mesmo, a ocular era menor mas o campo é maior. Possivelmente devido ao tamanho físico da ocular que gera um tubo menos comprido, porém o campo de visão ainda é desconfortável se comparada a 25mm da Skywatcher.

A marca é a Series 500 plossl, vendida no site tellescópio.com.

O atendimento nesse site é excelente, de primeira mesmo, o responsável Sr Israel Mussi entende muito do assunto e responde aos e-mails sobre os produtos. Ele sabe o que está vendendo.

As oculares também tem pontos positivos muito relevantes, apesar do campo de visão menor que outras oculares na praça como Skywatcher, GSO ou Celestron e de efeito blackout dependendo do telescópio, a imagem é clara e bem cristalina, o foco é fácil. Para quem está sem ocular alguma do tipo ou com dificuldade de adquirir outras com campo de 52º ou maior, são uma boa oportunidade. Mas se tiver a chance de comprar com 52º ou mais compre, pois o campo de visão mais generoso proporciona um conforto bem maior ao utilizar. Claro que se paga bem mais, pois essas oculares Series 500 plossl tem um custo bem reduzido, na faixa de duas a três vezes mais baratas que as com campo mais generoso.

Seguem imagens das oculares:


Por hoje é essa a dica!

Atualização:

O campo de visão real é a área do céu visualizada através da ocular quando esta encaixada no telescópio. O campo de visão real pode ser aproximado pela fórmula abaixo:

Campo de visão real
=
Campode visão aparente
_____________
Ampliação

Por exemplo, supomos que você tem um telescópio Schmidt-Cassegrain de 8" com 2000mm de distância focal e uma ocular de 20mm com 50° de campo de visão aparente (AFOV). A ampliação seria de 100x (2000mm / 20mm). O campo de visão real seria de ( 50º/100X ) ou 0.5° quase o mesmo campo aparente que da Lua cheia.

Tirado do site: http://www.astroshop.com.br/iniciantes/oculares.asp

Abraços

Renato

sábado, 8 de agosto de 2015

Atualização do Pequeno Maksutov 90mm


Este post será breve, apenas para mostrar a atualização da montagem do meu Pequeno Notável Maksutov 90mm o qual projetei uma montagem artesanal que ficou muito bonita, prática e útil. 

Segue foto dele:



Apesar de sua praticidade, quando fui a campo percebi alguns pontos que poderiam melhorar. Um aspecto era o peso que devido ao compensado de 18mm tornou a base um pouco difícil de carregar. E falando em carregar, não havia qualquer local para segurá-lo nas laterais e para levá-lo era um momento desajeitado pois eu segurava firme nas laterais e com o atrito da mão o carregava.

Outro ponto era o fato de quando observando algo próximo ou no zênite, a ocular ficava com o acesso difícil pois a madeira nas bordas não permitia uma aproximação correta.

Pensei então nas melhorias, algo que reduzisse o peso, criasse uma forma mais confortável de carregar e permitisse acesso a ocular mesmo para observações no zênite e, ajustando aqui e ali o resultado foi esse da imagem que segue:


Como podem perceber o acesso a ocular melhorou 100% com a retirada de uma parte da madeira nas laterais, permitindo confortavelmente o uso de minha menor ocular de tamanho físico que é uma plossl de 10mm ou mesmo uma pequena ortoscopica sem problemas.

As frestas nas laterais tiveram dois objetivos que foram muito bem alcançados, a redução do peso e a facilidade no transporte pois agora eu simplesmente coloco a mão nas frestas e confortavelmente carrego ele para qualquer lugar.

O custo desses ajustes foi meramente simbólico, pois o marceneiro que me ajuda nessa parte cobrou apenas R$ 10,00 para ajustar.

As últimas três vezes que utilizei este pequeno foram realmente muito mais confortáveis.

Fica a dica para quem for confeccionar uma montagem semelhante.

Abraços amigos e,

Semper Observandum

Renato

sábado, 20 de junho de 2015

26º ENOC Encontro Observacional CAsB


Finalmente consegui um tempo para escrever sobre esse memorável encontro observacional.

Digo memorável pois além do belo céu, belo local ainda haviam mentores astronômicos muitos especiais. Aquele que muito me ensina astronomia e seu mestre de infância, ou seja, eu estava cercado com duas pessoas que mais pareciam enciclopédias astronômicas (não citarei seus nomes pois eles gostam de discrição). E claro a companhia dos amigos do CAsB que sempre é muito agradável.

Esse Enoc foi realizado nos dias 12 e 13 de Junho em uma fazenda próximo da cidade de Padre Bernardo, a visão é de 360º, a poluição luminosa é baixa e se pode observar com qualidade objetos celestes muitos pálidos.

Fiz uma lista com astros a serem observados à cada 15 minutos, porém antes mesmo de ir ao Enoc percebi que era uma loucura pois não uso GoTo e portando para procurar e contemplar com tranquilidade era necessário um pouco mais de tempo. Com essa conclusão a lista ficou com um astro à cada 30 minutos, estratégia que se mostrou excelente. A busca é parte fundamental para mim, agrega conhecimentos de constelações, asterismos, estrelas, tamanhos, distâncias, o aprendizado é enorme. Gosto de procurar e como recompensa observar.

Esse ano está atípico e nuvens estão presentes no mês de junho, algumas observações foram frustradas devido a elas, porém quando o céu cobria de um lado, eu apontava o telescópio para o outro observando o céu que dispunha no momento.

Variáveis estimadas e suas magnitudes naqueles dias:

U Monocerotis 6.2
V854 Centauri 8.6
R Carinae 9.8
S Pavonis 8.3
RY Sagittari 7.3
Nova Sagittari 2015 (N SGT 2015 NO.2) 7.3 dia 12
Nova Sagittari 2015 (N SGT 2015 NO.2) 7.8 dia 13

Estimei mais variáveis que o previsto devido a presença dos mestres variabilistas incentivando.

Reparem que a nova caiu meia magnitude de uma noite para outra o que é impressionante tendo em vista uma estrela há alguns possíveis milhares de anos luz de distância.

R Carinae é minha variável favorita, a primeira que percebi na prática a variação de brilho de estrelas, não estava em meus planos porém insisti para vê-la de última hora. Foi muito difícil e só achei com ajuda. Magnitudes perto de 10 ou acima mesmo com telescópio de 8 polegadas se tornam um desafio.

Saindo de variáveis vamos aos planetas. Vênus estava "minguante", em determinados momentos achei ele tão brilhante que me parecia fazer sombra. Júpiter também proporcionou uma bela visão ostentando três luas. Não fiz muito aumento para ver detalhes dessa vez. Saturno belo como sempre estava alto e dava uma visão espetacular com a ocular de 8mm Starguider.

Nebulosa de Eta Carinae percebi um pouco mais pálida que de costume, acho que as nuvens estavam ali pelo caminho. O Filtro O-III ajudou no contraste.

Ômega Centauro incrível como sempre, e mais uma vez vejo duas manchas escuras no centro.

Galáxia Virgo A infelizmente foi atrapalhada pelas nuvens, mas antes que essas aparecessem consegui achar uma galáxia linda NGC 4762 próxima de NGC 4754 por sua vez próxima de Vindemiatrix em Virgem. Ficava entre duas estrelas e uma outra estrela fraquinha ficava colada nela. Acrecento a observação de um amigo "Essa estrelas estão em nossa Via Láctea enquanto essa galáxia distante tem bilhões de estrelas próprias".

M55 em meu imaginário consigo ver uma "cama" com as estrelas amareladas em destaque.

A nebulosa Dumbell foi vista em vários equipamentos, 8" SCT, 8" Newtoniano, 16" Newtoniano com filtros O-III, H Beta e UHC. A melhor visão que achei foi no 8" SCT, apesar de mais pálida que no 16" a beleza estética era maior.

Nebulosa do Véu com filtro O-III no 16" foi algo fotográfico, mas estava ali, ao vivo e de forma exuberante.

Fantasma de Júpiter parecia um olho perfeito no 16".

Nebulosa do Anel também ganhou bom contraste com o filtro O-III.

Finalmente eu vi detalhes na nebulosa Trífida com suas nuvens escuras criando um X nas nuvens brilhantes. Foi a primeira vez que não vi apenas as estrelas.

Netuno mesmo com um aumento absurdo de 500 vezes pelos meus cálculos (SCT 8" 2032mm de distância focal + ocular 10mm + barlow 2,5x ED) era uma bolinha mínima parecida com uma estrela azul.

Galáxia do Sombrero foi vista baixa e entre nuvens e mesmo assim uma bela imagem.

Na primeira noite as pessoas já cansadas de brigar com as nuvens foram dormir cedo, coisa de 2 a 3 da madrugada. Fiquei firme e o céu abriu para me recompensar, quando percebi estava sozinho no campo e pensei: "Se for abduzido por aliens ninguém vai se quer saber.". Deixando os pensamentos bobos de lado tive o prazer de ver a Nuvem de Sagitário que contém diversos astros dentro dela. Pude perceber um aglomerado globular e com calma creio não ser tão difícil achar uma nebulosa planetária lá.

Ali perto temos a Ômega Nebula que foi uma visão espetacular, parece um bemol da escala musical. A nuvem de gás é forte e bem visível.

Nebulosa da Lagoa mais pálida que o normal, creio que a luminosidade de Brasília estava afetando nebulosas do centro para o sul celeste.

Nebulosa Norte América em Cisne não vi nada além de estrelas, creio que ela é muito espalhada.

A Nebulosa Pisca Pisca, ou Bliking Nebula me deu uma experiência fascinante. Ela não fica piscando como o nome sugere, porém ao olhar diretamente para ela exatamente na estrela central a nebulosa desaparece vagarosamente, e ao olhar para o lado novamente se vê a nebulosa com visão ligeiramente periférica. Curioso que observei esse fenômeno uma vez, um amigo observou a nebulosa em seguida sem detectar o fenômeno e depois tentei rever o mas não detectei novamente. Mas na primeira observação foi claro que aconteceu pois fiz diversas vezes. Mistérios observacionais...

No Aglomerado da Borboleta percebi uma estrela vermelha que me chamou a atenção por parece uma variável, pelo que pesquisei trata-se de Bm Sco tipo L, estrelas irregulares de longo período ~815 dias e pouca variação de 5.25-6.46. Não costumo colocar estrelas com pouca variação em meu programa observacional mas é bom saber o que se está observando.

IC 4701 fica próxima de Ômega Nebula e Nuvem de Sagitário, nem estava nos planos mas foi uma bela visão.

Para finalizar acrescento a experiência na busca de nebulosas planetárias.

Ao buscar NGC 7027 e NGC 6826 (Nebulosa Pisca Pisca) em Cisne tive dificuldade, elas estavam no campo da ocular mas não as vi. Aí que um amigo experiente, meu mentor, disse: "Renato, faça aumento naquela estrela". Quando fiz vi a nebulosa. Acontece que elas são muito pequenas e portanto parecem estrelas. Fica a dica para observar estrelas meio redondas pois podem ser as nebulosas planetárias que você busca.

Fico por aqui, creio que até o final do ano devo fazer mais um encontro em campo. Pela cidade vou observando e estimando variáveis.

Abraços amigos,

Renato

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Agradável Conjunção Lua Nova, Vênus e ?


Amigos, escrevo para compartilhar esse pequeno momento de apreciação que me aconteceu por acaso.

Ontem ao sair para caminhar por volta das 18 horas, ainda com luz diurna presente, ao olhar para o céu me deparei com uma conjunção que não esperava. Estava certo de ver a lua Nova, Vênus e outra estrela muito brilhante a qual não consegui identificar por falta de referências próximas. Vênus estava com um brilho surpreendente e distava da Lua em aproximadamente 6º.

O que achei curioso foi a sensação que tive ao observar essa conjunção pois a cada vez que olhava tinha uma impressão de proximidade muito forte. Foi como se os três astros estivessem na proximidade de um avião em baixas altitudes. Talvez a proximidade dos astros tragam algum tipo de ilusão de ótica ou mesmo pode ter sido um sentimento particular naquele momento contudo foi sem dúvida muito prazeroso.

Ao voltar para casa com céu mais escuro, uns 40 minutos depois, olhei para a mesma região porém a estrela não identificada já havia sido engolida por nuvens. Posteriormente olhei no mapa eletrônico que utilizo (Mobile Observatory) e neste vi que era nada menos que a belíssima estrela Aldebaran.

São momentos assim que me fazem apreciar observações dotadas de simplicidade pois trazem tanto prazer quanto outros métodos e um prazer muitas vezes diferenciado. Não foi a primeira vez que tive visões diferentes no crepúsculo, talvez os resquícios de luz diurna geral efeitos visuais mesmo em astros tipicamente observador noite adentro.

Hoje a Lua ainda estará próxima dos dois astros mencionados, a quem interessar dê uma olhadinha para o céu assim que anoitecer, só não pode olhar dirigindo!

Conjunção Imagem




Fonte de algumas informações:

http://www.ibahia.com/a/blogs/estrelas/2015/04/21/efemerides-astronomicas-de-21-a-30-de-abril-de-2015/

Semper Observandum

Renato

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Nova de Sagitário 2015 No.02

Caros amigos,

Após várias tentativas frustradas, por conta do céu fechado, acordando de madrugada para observar a brilhantíssima Nova SGR 2015 NO.2 finalmente consegui apreciar o brilho dessa estrela pra lá de curiosa. Já sabia que estava muito brilhante pois li sobre a observação feita de um amigo no Rio de Janeiro onde o céu está dando uma trégua para as observações.

Foi a primeira vez que observei uma NOVA. Em outras ocasiões até recebi o reporte avisando mas quando conseguia ver o campo a nova esta já havia se apagado.

Dia 06 de abril as 5:35 da madrugada, pouco antes de ir ao meu primeiro dia no trabalho novo, percebi que o céu estava aberto e corri para ver onde estava Sagitário, para minha surpresa, naquele momento estava no zênite e de posse apenas de binóculo, que nesta ocasião foi mais que suficiente para observar a nova, vislumbrei o brilho branco azulado, apesar de na Sky & Telescope falar amarelado, da estrela que antes de se mostrar fortemente visível mantinha magnitude 16,2 que é fora do alcance da maioria esmagadora dos telescópios amadores.

Através da carta de busca criada por uma amiga no site da AAVSO pude medir seu brilho e estimei magnitude 4.4. Um salto gigantesco se comparado ao seu brilho rotineiro.

Meu local de observação foi no meio da cidade onde moro, região sul do Distrito Federal, com bastante poluição luminosa e percebi que ao observar com vista desarmada lá estava a nova, bem nítida com visão direta.

Não por menos a Sky & Telescope publicou uma reportagem com o título "Nova Sagittarii: Naked-Eye Bright Again!"

Link da reportagem: Nova Sagittarii: Naked-Eye Bright Again!

Imagem da reportagem:



Normalmente as novas "explodem" uma camada exterior pelo excesso de gás de roubam de uma estrela irmã, mas elas brilham fortemente e logo o brilho cai. O caso dessa nova é diferente pois ela está oscilando e seu brilho sobe e desce no decorrer de dias. Está sendo observada por diversos astrônomos do mundo todo, no momento de escrita desta postagem já continha quase 550 observações registradas de 82 observadores espalhados pelo mundo.

Vamos acompanhar e ver se ela vai brilhar ainda mais!

Estimativa já enviada para AAVSO.



Seguem cartas de busca para a nova, perceba claramente o "bule" na primeira carta, a segunda é uma aproximação do campo.




Abraços

Renato

Protetor de Orvalho para Buscadoras

A maioria dos astrônomos amadores, caso não tenha enfrentado, enfrentará o problema de orvalho nos equipamentos e o primeiro prejudicado com o excesso de umidade é justamente um dos mais importantes especialmente nos telescópios, a buscadora.

Antigamente as buscadoras (também conhecidas como pesquisadoras) assim como os refratores já vinham com um protetor de orvalho que consistia em um alongamento no tubo da objetiva, no caso das buscadoras óticas, porém hoje em dia esse alongamento vem sendo descartado e observações que entram na madrugada acabam perdendo esse importante instrumento que fica molhado com o orvalho.

Eu mesmo já passei apertos com as buscadoras molhadas e recorri a secadores de cabelos de amigos que observavam ao meu lado, o problema é que logo o equipamento está molhado novamente, contudo existe uma outra forma de amenizar esse problema.

Já que as buscadoras vem praticamente sem protetor resolvi confeccionar os meus com uma receita bem simples.

Fui a um armarinho e comprei uma folha de EVA fino, o mais barato que tinha na cor preta, envolvi na buscadora para tirar a medida aproximada, recortei com um centímetro a mais para ter espaço para costurar e após costurar uma extremidade a outra o resultado foi excelente. De início fiz com uma buscadora 6x30 e quando vi o bom resultado fiz também com a buscadora 8x50.

Vejam as imagens, ficaram firmes e muito funcionais:










Uma dica simples que pode prolongar uma sessão de observação noite adentro.

Abraços

Renato

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Carnaval Astronômico 2015

Eu e mais dois queridos amigos nos reunimos em Alto Paraíso com o intuito de fugir do carnaval, bater papo astronômico e se o céu permiti-se observar um pouco desse universo que tanto admiramos.

Não sei se lembrarei de todos os astros observados mas descreverei todos os que lembrar.

Nebulosa da Tarântula ao refrator de 127mm, infelizmente o céu estava pouco transparente devido a finas nuvens mas ainda foi possível ver "as patas" da tarântula.

Ainda no grande refrator apelidado de Guerreiro por aguentar fortes noites de orvalho vislumbrei a Nebulosa de Órion e percebi que a uma estrela em particular tem sua própria nebulosa formando um globo de gás iluminado em sua volta.

Eta Carinae: de posse do bom companheiro binóculo Órion 10x50 a estrela se mostrava com magnitude 4.5 o que é bem alta em comparação a outras medições feitas em anos anteriores mostrando uma lenta evolução. Quem sabe ela mostre algum espetáculo em um futuro breve conforme já fora registrado na história.

Gamma Arietes

Também chamada de Mesartim é uma estrela tripla, ou sistema triplo, que no caso destas temos duas facilmente visíveis em telescópio de boa abertura. Observei em um 90mm e ambas as estrelas Gamma 1 e Gamma 2 com magnitudes quase iguais e facilmente distinguíveis. Ambas do tipo A são azuis e ficam em uma das pontas da constelação de Áries. A terceira é muito fraca e quando observei nem sabia que existia.


Auriga ou Cocheiro é uma constelação repleta de aglomerados abertos os quais se destacam ao binóculo alguns como os Messiers 36, 37 e 38. Nesse dia estava com pouca disposição de manusear o telescópio e o céu não estava incentivando muito com suas nuvens, em nova oportunidade verei os aglomerados ao telescópio.

Algumas novas constelações foram vislumbradas também com o auxílio de meu querido amigo que ali me orientava pelo céu do sul.

Volans ou Peixe Voador, essa seguindo as linhas de Lineu Hoffman se parece com uma pipa e fica entre Carina e Mesa. A cartografia da IAU abaixo não é tão bonita quanto a do Lineu infelizmente.

Pictor ou Pintor que mais parece um garfo ou mesmo um pincel se fizer mais uma linha entre Gamma e Teta Pictoris. Fica entre Dorado e Carina.


E as grandes patas da Ursa Maior que por ser muito ao norte e estar meio encoberta por nuvens foi possível ver suas patas formadas por dois triângulos grandes e bem esticados e também uma parte do corpo.

Foi um ótimo refúgio do carnaval, muito bate papo de astronomia, filosofia, arte entre outros, um pouco de Star Trek Voyager e muita alimentação vegetariana que experimentei pela primeira vez e fiquei impressionado do quão saborosa é. Espero fazer observações como esta nos próximos anos.

Abraços

Renato

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Construindo um Pequeno Telescópio

Alguns amigos que acompanham o blog sabem da minha história com meu primeiro telescópio de 90mm, um pequeno maksutov que vendi para comprar um 200mm newtoniano, porém me arrependi de ter vendido o pequeno pois ele era muito útil para pequenas observações.

Devido a esse arrependimento procurei o senhor ao qual vendi o pequenino e este não quis me vendê-lo de volta, entendo perfeitamente o motivo, é um ótimo equipamento de pequeno porte.

Não satisfeito continuei minha procura para encontrar um outro telescópio pequeno para observações menos exigentes em questão de abertura e finalmente apareceu a oportunidade de adquirir apenas um tubo de maksutov 90mm sem acessórios por apenas 200 reais através de uma página no facebook chamada Brechó da Astronomia. Não perdi tempo e comprei o pequeno, não me preocupei com acessórios pois eu já tinha o suficiente do outro telescópio maior.

O que eu não tinha era uma buscadora pequena, pois colocar a de 8x50 do 200mm ficaria desproporcional para o pequeno. Foi aí que fui presenteado por um querido amigo com uma 6x30. De início imaginei que veria uma imagem bem simples, mas me surpreendi com a pequena buscadora acromática, ela além de aumentar um pouco a imagem capta luz suficiente para observar até pequenos aglomerados estelares é um acessório que recomendo fortemente em especial para aqueles que compram telescópios e vem com as buscadoras Red Dot que não ampliam nada a imagem, facilmente se esquece ligada o que acaba com a bateria e na observação seguinte se torna praticamente inútil.

Já tinha buscadora e oculares agora faltava a base, em minha residência só há uma abertura que me dá acesso ao muro dos fundos, portanto colocava o telescópio sobre o muro com uma base de mesa. Tentei comprar uma base Heritage da Skywatcher mas além de absurdamente cara ainda não queria nada motorizado. Foi aí que observando as montagens dobsonianas artesanais de grandes telescópios de 8 e até 12 polegadas pensei, vou pedir para um marceneiro construir uma para mim bem pequena para este maksutov. Essa montagem na época me custou apenas 100 reais, ou seja, o custo total do telescópio me saiu por apenas 300 reais, claro sem contar os acessórios que já tinha.

Para que a base girasse suavemente no azimute o marceneiro colocou um CD velho entre as duas madeiras da parte inferior e o atrito de madeira com madeira é o responsável pela firmeza na altitude.

Vejam a base:





Gostei muito do resultado, apenas o peso que ficou grande para um telescópio tão pequeno, vou falar com o marceneiro para ver se alguns buracos na lateral fariam ele ficar mais leve sem perder a estrutura, e também para servir de alça para carregá-lo. Atualmente tenho que colocar a mão embaixo dele para o transporte de um lado para outro.

Percebi que a Órion costuma ser mais caprichosa que a Skywatcher pois esta retirou os parafusos de colimação na base do espelho dificultando um pouco o processo. Porém fica a dica para o alinhamento, folga-se os parafusos que fixam a base do espelho e a lente maksutov, aponta para uma estrela e se verifica se está tudo centralizado desfocando para os dois lados do focalizador, senão estiver é só ajustar com a mão mesmo, quando ficar alinhado aperte os parafusos gradualmente verificando novamente. Uma vez alinhado aperte os parafusos e dificilmente se desalinhará pois esse modelo segura muito bem o alinhamento (mais conhecido como colimação em astronomia).

Com esse equipamento já observei Saturno, Vênus, Mercúrio, Júpiter, o cometa C/2014 Q2 Lovejoy, aglomerados abertos M6 (Borboleta), M7 (Ptolomeu), NGC 4755 (Caixa de Jóias), tudo com boa qualidade.

A próxima meta é observar estrelas variáveis que o binóculo não consegue ver.

Segue o resultado final desta feliz empreitada:






Até a próxima amigos.

Semper Observandum

Renato