sexta-feira, 1 de dezembro de 2017
Uma joia celeste chamada Nebulosa da Tarântula
Dois dias após a observação de binóculo eu aproveitei a noite, ainda muito boa de transparência do céu, para observar ao telescópio. Agora ao som de outro álbum do Redshift o Faultline que começa ao vivo, mas logo as palmas se vão e começa a viagem misteriosa e espacial. Abaixo segue imagem do modelo que estou usando para listar os astros alvos da noite:
Como podem ver deixo um espaço para anotações e esboços, observar alvos assim traz muitas informações e anotando a experiência fica mais completa.
Após uns 30 minutos posicionando os equipamentos temos sobre a mesa de camping dobrável o binóculo 10x50, Pocket Star Atlas Jumbo, planilha observacional, caneta, mini som mp3, caixa de oculares e filtros além de banquinho e o parceiro Enterprise (newtoniano de 200 mm) com buscadora de ângulo reto 8x50mm.
Comecei a observar lá por volta das 22 horas meio atrasado do programa, mas o céu aqui no sul demora muito para escurecer nessa época do ano então foi bom demorar para dar tempo do céu ficar no ponto de observação.
Abaixo segue uma breve descrição de cada alvo contemplado:
M15: é um globular difícil de ver, fica em Pégaso quase na divisa com a constelação de Potro e mesmo com magnitude 6.4 é difícil focar nele, talvez eu devesse estar agradecido por ver um astro a 33600 anos luz de distância, mas mesmo a 150 vezes de aumento ele estava bem pequeno e apagado, estava ao norte de minha posição mergulhado na luminosidade da cidade o que certamente influenciou na qualidade da observação.
NGC 288: curiosamente gostei mais de observar esse outro globular que a 80x de aumento com a ocular de 15mm da skywatcher (essa ocular me dá excelentes observações e é barata) e mesmo a quase 29 mil anoz luz de nós a densidade estelar dele era mais agradável de se ver e olha que sua magnitude é mais baixa, porém estava bem alto no céu o que ajudou bem a vê-lo. Na planilha fiz um esboço bem simples da disposição das estrelas.
Galáxia do Escultor: essa foi show, fiz até um outro esboço bem simples na planilha, algumas estrelas mais próximas complementavam a beleza da galáxia que mostrou consistência brilhante em toda sua extensão. Tive a forte impressão de uma dessas estrelas piscarem enquanto eu observava. Uma ocultação talvez, ou apenas minha vontade de presenciar algo inesperado na direção da galáxia (risos).
Cetus A: Messier 77 ou NGC 1068 é uma galáxia com núcleo super ativo, uma das mais brilhantes próximas de nós. Mesmo a 47 milhões de anos luz de distância a visão é nítida, com 150 x de aumento consegui perceber um lado maior que o outro, ou seja, detalhes observando uma galáxia da cidade! Normalmente galáxia é boa de observar em fazenda mesmo. Pesquisando consegui essa imagem fantástica da galáxia em um APOD: NGC 1055 and M77
Galáxia de Andrômeda: até hoje não consegui uma boa oportunidade de observar essa galáxia ao telescópio, apenas uma vez ao binóculo e a olho nu em Alto Paraíso, céu nota 10, tive o belo vislumbre dela. Ali pertinho percebi uma "estrela" difusa quena verdade é a galáxia próxima M33. Como meu norte é poluído ver galáxias nessa direção não é fácil.
Mesartim: essa belíssima tripla há mais de 200 anos luz de distância (204) fica nítida aos 150x de aumento, as duas mais próximas com distância de 7,7 segundos de arco são visualmente idênticas já a terceira fica bem mais distante aos 221 arco-segundos. Uma das mais próxima tem velocidade radial variável...
Urano: pra variar um disco bem pequeno e ligeiramente azulado.
Galáxia do Triângulo: quem disse que encontrei essa galáxia? procurei muito e mesmo olhando no star atlas e tendo teórica certeza do local não consegui vê-la, mais uma vez o norte poluído atrapalhou.
Nebulosa de Órion: o que me impressiona na nebulosa de Órion são aqueles braços abertos e núcleo repleto de estrelas, ainda mais usando o filtro UHC (ultra high contrast) que destaca ainda mais as nuvens de gás da nebulosa.
47 Tucanae: sempre um espetáculo ainda mais ao telescópio com o núcleo super denso de estrelas e outras facilmente distinguíveis nos arredores.
Nebulosa da Tarântula: aqui foi pra fechar com chave de ouro. Desde que vi essa nebulosa ao binóculo vivia curioso para ver ao telescópio e finalmente a oportunidade se mostrou e valeu esperar. Com a ocular de 15mm e aos 80x de aumento os braços se destacam muito, mas com o filtro UHC o contraste aumenta tanto que é como ver uma fotografia. É realmente uma nebulosa muito brilhante e cheia de nuvens que remetem uma tarântula. O núcleo super denso de estrelas é um berçário belíssimo. Mesmo distante aproximadamente 160 mil anos luz conseguimos ver claramente alguns detalhes de suas ondas de gás. Foi a joia da noite.
Possivelmente seja a última observação do ano com telescópio, mas acho que deu para aproveitar bem o quintal. Em 2018 espero observar numa fazenda ao som de uma cachoeira distante apenas 30 km de onde moro. Tomara que dê tudo certo! rs
Abraços e céus limpos!
Renato
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